Escrevo como se estivessemos à mesa e um café a conversar e conto com a sua paciênvia para me escutar.
Tive uma infância trister – orfão de pais vivos, uma história complicada – e uma adolescência dificil; a mocidade vivía em Torres Novas e foi um tempo de alegrias e de solidão. Foi o tempo dos meus primeiros amores, ambos falhados, e tive a sorte de fazer parte de um grupo de jovem da minha idade, com duas excepções, que foram bons amigos. Ainda hoje recordo esse grupo com muita saudade, alguns desses amigos já faleceram, o Canais Rocha, o Fernando Canais, o meu homónimo Gonçalves, empregado do Simões da loja de fotografias e outros cujo nome não me ocorre.
Recordo Torres Novas com sentimentos contraditórios, a felicidade hefemera do amor da Fernanda e da Julieta e a tristeza da solidão que se seguiu àqueles amores; com frequencia a felicidade acontece no passado e não volta a repetir-se.
Apesar dos 82 anos são recordações que ainda não se apagaram num final de vida onde a memória de longo prazo se vai transformando numa nevoa , onde a vida vai ficando despovoada.
Não faço ideia se voltarei a Torres Novas, para reencontrar e abraçar alguns amigos que ainda restam e para tomarmos o adiado café mas este desejo também poderá ficará por concretizar.
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