Autores de diversas áreas consideram o homo sapiens insensato e pérfido e alguns até duvidam, simplesmente, que alguma vez tenha sido sapiens.
Estas dúvidas não surgem apenas em épocas de grandes crises e desastres (I Guerra Mundial, grande depressão de 1929, II Guerra Mundial, etc), é um cepticismo – será cepticismo? – permanente de uma visão da História.
Edgar Morin considera que o homo sapiens é simultaneamente homo demens, Mark Twain escreve um ensaio com o título “A Abominável Raça Humana” e existe abundante literatura onde o homem é o vilão, o lobo do homem, o assassino do homem.
A linha divisória entre razão e emoção, racional e irracional, lucidez e loucura, é muito ténue e os dois extremos misturam-se com frequência.
Guerras, massacres e limpezas étnicas são incontáveis, mas a partir do século XVI com o colonialismo Ocidental adquiriram uma dimensão industrial.
Com a pilhagem das terras e de matérias-primas praticaram-se dezenas de genocídios em África, América Central e do Sul, Austrália, e um pouco por quase toda a Terra.
Já nos séculos XVIII e XIX, os europeus que emigraram para os EUA dizimaram as populações indígenas. O Estado pagava por cada cabeça e privados «caçavam» de conta própria.
Os sobreviventes deste genocídio, que deu muitos filme de cowboys, foram confinados a exíguas reservas, para morrerem lentamente.
Nós, portugueses, também temos uma quota, mas especializamo-nos numa modalidade: a venda de escravos negros, aos milhões, (até vendíamos aos Espanhóis), tratados como animais e transportados de África, para o «Novo Mundo» como sacos de batatas.
Raramente falamos desta ignomínia da nossa história. Preferimos evocar os heróis e os grandes feitos da imensa amalgama de grandezas e misérias a que chamamos “Descobrimentos”
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