Quem escreve comunica para alguém, conhecido ou desconhecido (as redes sociais, os blogues, etc.). A História começa com os primeiros «livros» conhecidos, em tabuinhas de argila, papiro, etc., mas antes dos primeiros «livros» existiram diversas formas de comunicação, os antepassados dos livros, nós em cordas, ábacos, livros «objectos» etc. Eram comunicações rudimentares, essenciais, mas já eram comunicar algo para ser levado por um mensageiro a outra tribo.
Hoje podemos escrever - comunicar - para alguém ou para ninguém, para nós, um solilóquio solitário, talvez com um interlocutor imaginário.
Escrevemos o que o nosso pensamento dita mas o nosso pensamento também pode estar a ditar o que outros escreveram e pensaram. Assim o que escrevemos pode ser original, raramente, ou uma sucessão de pensamentos alheios que antecederam o nosso.
Quem nos lê pode igualmente utilizar algo do que pensamos.
Durante séculos os escribas copiavam e recopiavam (com erros) livros antigos ( a Bíblia é um deles) e poucos livros originais.
Com Gutembergue inicia-se a massivicação lenta dos livros em pequenas tiragens; numa sociedade baseada na agricultura muito poucos sabiam ler. A formação da opinião pública, principalmente por via dos salões de aristocratas, dos clubes e dos jornais , ainda estava longe.
Ao lado dos livros eruditos, surgem os livros de cordel vendidos em feiras e por vendedores ambulantes.
Os livros estão feridos de morte. Os livros virtuais são uma ameaça e talvez não seja a maior. Em Abril a tiragem média dos livros era de 2.500 a 3.000 exemplares, acima disto só os livros dos autores importantes. Quarenta anos depois as tiragens médias são exactamente as mesmas!
Os livros desapareceram dos transportes , dos jardins, dos cafés, das praias, etc. Uma pessoa que lê um livro naqueles locais é uma raridade.
A iliteracia dos escolarizados é óbvia. O ensino é um dos grandes falhanços de Abril.
Outros factores haverá, o baixo nível cultural da população. Em 25 de Abril a taxa de escolarização no ensino básico era de apena 20% e de 9% no ensino secundário.
A revolução foi feita com este povo iletrado e somos uma sociedade culturalmente de baixo nível. Dói, mas é verdade.
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