Uma organização dos EUA chamada Defense Distributed planeia distribuir nesta semana os ficheiros que permitem “imprimir” uma arma inteira recorrendo a impressoras 3D, dispositivos capazes de criar objectos tridimensionais, acumulando camadas de um plástico especial.
A ideia de usar a impressão 3D para criar armas não é nova e a Defense Distributed (a par do que acontece noutros sites) já tinha colocado onlineficheiros para imprimir vários componentes de armas. Esta é, porém, a primeira vez que alguém alega ser capaz de montar uma arma inteira recorrendo a este género de impressoras.
A revista americana Forbes assistiu ao processo de fabrico e fotografou a arma resultante (um objecto de plástico branco e azul com o aspecto de um brinquedo). De acordo com o relato da Forbes, a arma está preparada para disparar munições reais, de vários calibres.
A Defense Distributed – que tem uma licença para fabrico de armas – incluiu no modelo que produziu uma peça metálica (que não é criada numa impressora), para que a arma de plástico não consiga escapar aos detectores de metais e cumpra assim a legislação americana. Mas nada impede outras pessoas de descarregar os ficheiros e criar em casa uma arma sem metal (o modelo tem usa ainda um simples prego como percursor).
As impressoras 3D são usadas em vários contextos, que vão do fabrico rápido de protótipos por empresas até à produção de pequenos objectos por pessoas para quem esta tecnologia é um hobby. Muitos sites disponibilizam ficheiros que podem ser descarregados e permitem imprimir objectos sem ter de os criar de raiz num programa de desenho tridimensional. Normalmente, estes ficheiros contêm as instruções para imprimir objectos como miniaturas de carros, casas e barcos, copos, maçanetas de portas, peças de xadrez ou figuras abstractas.
O aparelho usado pela Defense Distributed para produzir a arma é uma impressora sofisticada, muito diferente de modelos como a MakerBot, popular entre os amadores. À Forbes, o fundador da Defense Distributed, Cody Wilson, afirmou: “É possível imprimir um dispositivo letal. É um pouco assutador, mas é isso que estamos a querer mostrar”.
O site da Defense Distributed descreve-a como uma organização sem fins lucrativos, com fins de caridade e literários, e dedicada a “defender a liberdade civil de acesso popular às armas”, produzindo e facilitando o acesso à informação necessária para criar armas através de impressão 3D. A mesma página descreve Wilson – um estudante universitário de Direito, com 25 anos – como interessado em tudo o que diga respeito a “criar uma sociedade de lei privada”.
O anúncio de que o ficheiro para a produção integral de uma arma será colocado online surge pouco tempo depois de o Senado dos EUA ter rejeitado uma proposta de lei (apoiada por Barack Obama) para apertar o controlo sobre a venda de armas – e já motivou reacções políticas. O congressista democrata americano Steve Israel, que já anteriormente se mostrara preocupado com a questão, emitiu nesta sexta-feira um comunicado a pedir regulamentação para controlar armas caseiras de plástico.
(Jornal Público, 4 de Maio)
P.S. Regulamerntar ou proibir? Tudo é permitido?
É a espingarda militar usada pelo exército americano nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Como é que uma arme de guerra foi parar às mãos do atrazado mental Adam Lanza? Várias armas de guerra estavam em casa de sua mãe pela simples razão de se encontrarem à venda numa loja de artigos desportivos. Tão simples quanto isto, é como ir ao supermercado, dado que a legislação, quando existe, é permissiva.
Pensa a grande maioria dos americanos que a América é «livre» porque podem comprar livremente armas.
O lobi do armamento tem outro argumento irracional “ as armas não matam”: os homens matam com elas ... porque as possuem, se não existissem andavam ao murro ou atiravam pedras, etc., o que faz toda a diferença.
Entretando, a lista das tragédias continua, nunca há a última porque há sempre outra a seguir: a violência faz parte da cultura americana é esta cultura que alimenta a industria de armamento, como uma pescadinha de rabo na boca.
Vinte crianças entre os 4 e os 7 anos e 6 adultos são os últimos sacrificados no altar da violência, quem serão os próximos?
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