(Foto de telemóvel)
Deve ser uma das árvores mais velhas e maiores de Lisboa. Assistiu à passagem dos celtas, visigodos, romanos, e dos árabes (beberes segundo Cláudio Torres).
Viu a violência de D. Afonso Henriques e dos cruzados, a fuga dos algozes de Inês de Castro, o cerco de Lisboa, fomes a peste negra e outras, a vertigem louca das caravelas e dos fumos da Índia, a fuga à fome certa de milhares e milhares de emigrantes, as atrocidades da Inquisição, a ocupação dos espanhóis, a bebedeira do ouro do Brasil, três séculos de decadência e por ai fora.
Abrigou salteadores, camponeses exaustos, fidalgos fornicando com freiras, namorados e paixões incontáveis com a mesma altivez e serenidade de hoje.
Sabe que a vida dos humanos é efémera e que estes são incoerentes, às vezes loucos.
Quantos séculos mais irá viver, quantas gerações de homens e mulheres se abrigarão à sua sombra?
Este prodígio da natureza habita no largo Constantino, em Lisboa.
Quando eu morrer o que me acontece? Cada átomo que possuímos já passou por diversas estrelas e foi parte de milhões de organismos antes de ser tornar parte de qualquer um de nós. Somos «reciclados» no momento da nossa morte, os nossos átomos desagregam-se e vão «à procura» de novas combinações, noutro lado, como parte de uma folha, de uma gota de orvalho, talvez de outro ser inteligente noutro planeta, porque os átomos duram milhões e milhões de anos e a sua passagem pelo nosso corpo é um mero acidente no seu percurso cósmico.
Se me fosse possível escolher uma «reencarnação» queria ser uma árvore frondosa.
Deus criou a Terra em sete dias e cansado foi dormir, mas esqueceu-se dos acabamentos: inundações, tornados, tufões e sismos semeiam a destruição e a morte na obra do Senhor.
Isto sem contar com as epidemias, pandemias, virus mortais e outras calamidades.
O supertufão Hayan, com rajadas superiores a 300 km. hora - inimaginável - semeou a morte e a destriução nas Filipinas numa dimensão trágica.
O que terão feito os filipinos para cairem na ira de Deus? E as crianças Senhor?
( Foto de telemóvel)
Esta majestosa dama reside no Jardim Constantino, no coração de Lisboa. À sua sombra refrescante devem ter repousado , alguns fenícios e gregos de passagem celtas, visigodos, romanos, muçulmanos, salteadores, mendigos amantes. Hoje, é agredida pela poluição e poucos lisboetas aproveitam a sua frescura, mas agarra-se à vida com tenacidade. É uma resistente.
Todos os mamíferos quando nascem precisam de um período de aprendizagem de duração variável. Os humanos são um caso à parte: como durante milhões de anos o cérebro foi aumentado, a natureza teve de inventar um expediente para que mãe e bebé não morressem no parto: nascem prematuros e a sua aprendizagem é a mais longa, se não forem ensinados e alimentados morrem.
Os humanos criaram uma segunda natureza cultural que se sobrepôs à primeira e necessitam de ser socializados. Somos gregários e não sobrevivemos fora de qualquer sociedade que tenhamos construído ao longo de milénios.
O «bom selvagem» não existe e ninguém nasce puro ou impuro, a vida é que tece esses percursos: a natureza é neutra, a sociedade é que cria sentidos para a vida, bons e maus.
Também não estou nada satisfeito com a educação que recebi (no tempo de Salazar) e com o pouco ensino que me deram. Lentamente fui abrindo os olhos para os sentidos da vida e o acaso desempenhou o papel principal.
A minha vida foi atípica, aconteceram-me coisa fora do tempo e sem jeito: estava mal preparado – equipado – para muitas coisas. Não pude escolher, mas se pudesse gostaria de ter nascido noutra época, algures no século XVII: a vida era mais calma.
(Foto de telemóvel)
Deve ser uma das árvores mais velhas e maiores de Lisboa. Assistiu à passagem dos celtas, visigodos, romanos, e dos árabes (beberes segundo Cláudio Torres).
Viu a violência de D. Afonso Henriques e dos cruzados, a fuga dos algozes de Inês de Castro, o cerco de Lisboa, fomes a peste negra e outras, a vertigem louca das caravelas e dos fumos da Índia, a fuga à fome certa de milhares e milhares de emigrantes, as atrocidades da Inquisição, a ocupação dos espanhóis, a bebedeira do ouro do Brasil, três séculos de decadência e por ai fora.
Abrigou salteadores, camponeses exaustos, fidalgos fornicando com freiras, namorados e paixões incontáveis com a mesma altivez e serenidade de hoje.
Sabe que a vida dos humanos é efémera e que estes são incoerentes, às vezes loucos.
Quantos séculos mais irá viver, quantas gerações de homens e mulheres se abrigarão à sua sombra?
Este prodígio da natureza habita no largo Constantino, em Lisboa.
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