É histórico, desde que existe a CGTP pela primeira vez reconhece que a sindicalização diminuiu mas atribui essa quebra só a factores externos; a troika, o encerramento de empresas, o aumento do desemprego, a emigração, etc. Todavia existem factores internos que também contribuem para a diminuição da sindicalização; muitos trabalhadores não se reconhecem na actividade dos sindicatos, acham, e bem, que são dominados pelos partidos políticos, à esquerda e à direita, etc.
Naquele acto de contrição com a realidade a CGTP declara que existem 550.000 trabalhadores sindicalizados mas na realidade serão apenas cerca de 250.000 e também não apresenta dados sectoriais que permitam conhecer melhor a realidade daquele universo.
Acontece que desde o final da década de 80 a maioria dos sindicalizados encontram-se nos sindicatos da função publica, trabalhadores da Administração local, enfermeiros, etc.
Isto significa que a CGTP deixou de ter representação maioritariamente operária e passou a ter representação maioritariamente de serviços: a CGTP é há mais de duas décadas uma central sindical de serviços.
Arménio dos Santos continua a querer manipular a realidades como sempre foi feito mas a outra metade da realidade acabará por impor-se, quer a CGTP queira, quer não.
Havia-os no início da nacionalidade, quando a Baixa Idade-Média começava subterraneamente a mudar o mundo, rumo à Idade Moderna. E hoje, ainda há? Somos tentados a responder que não mas como a História às vezes anda para trás…
O semi-servo já não estava vinculado à terra, podia ir ganhar a sua vida onde tivesse melhor soldada, melhor salário, dizemos hoje.
Nos moderníssimos call center, nos também modernos centros comerciais, nos supermercados, em empresas de tecnologia de ponta, em muitas outras que não são de ponta nem de mola, na agricultura e por esse país fora, há muito boa gente que mais parece semi-servos do que empregados de conta de outrem no século XXI.
A contratação colectiva, proteção social e diretos foram à vida, os contratos são a curto-prazo ou à vista e até há habilidades, como chamar estágios, a trabalho sem qualquer remuneração, apenas com promessas que se cumprem ou não. Quem não quiser pode emigrar ou viver à conta dos pais, se este puderem porque não encontra quem lhe pague soldada.
Era a arma dos anarco-sindicalista para derrubar o capitalismo: os trabalhadores de todos os sectores paralisavam, o capitalismo caia e os trabalhadores passavam a gerir as empresas. O Estado deixava de ser necessário.
Muito resumidamente, era assim que pensavam os anarco-sindicalistas no princípio do século XX, uma ingénua utopia que nunca aconteceu em parte alguma. O anarco-sindicalismo teve influência nos sindicatos da península Ibérica mas nunca teve implantação nos sindicatos dos países da Europa Central e do Norte.
No princípio do século XX, em França, mais de 60% dos trabalhadores eram assalariados agrícola analfabetos que nunca tinham ouvido falar em sindicatos e os trabalhadores industriais e dos serviços eram maioritariamente analfabetos.
Os sindicatos, por seu turno, não dispunham de meios logísticos e financeiros para efetuarem a mobilização de todos os trabalhadores.
Os níveis elevados de sindicalização dos anos 60 e 70 do século passado já não existem, o seu declínio começou nos anos 80: por sindicalização elevada entenda-se 60% a 65% dos trabalhadores activos, os restantes 40% ou 35% não fazem greves
Nunca existiu uma Greve Geral em País algum e em Portugal também não.
À convocação de greves alargadas a vários sectores de actividade, os Sindicatos continuam a chamar simbolicamente Greve Geral: uma reminiscência de um passado... que nem sempre foi glorioso.
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